Publicado em Carta Maior
O método de jornalismo praticado por Rupert Murdoch,
ancorado em escutas ilegais e espionagem criminosa,
começa a ser punido nos EUA. Thomas DiNapoli,
auditor da contabilidade pública do Estado de Nova York,
recusou-se a autorizar um contrato de US$ 27 milhões
que o Estado tinha planejado com o braço educacional de Murdoch ,
a Wireless Generation. A razão implícita é a falta de idoneidade
de quem pratica jornalismo delinquente
para fornecer material educativo à infância e à juventude.
Antes mesmo da decisão de DiNapoli
sindicatos de professores já haviam batido de frente
com o atual responsável pelos negócios educativos de Murdoch,
Joel Klein, que foi cooptado diretamente do posto de diretor
do sistema escolar de Nova York para fazer o meio de campo
entre News Corp e as compras de material didático do Estado.
O segmento educativo é a nova mina de ouro
das empresas jornalísticas também no Brasil.
A editora Abril é uma das mais atuantes no ramo.
Em 2010 Grupo Abril anunciou a compra do Anglo
- rede de educação especializada em cursos preparatórios para o vestibular -,
tornando-se a segunda maior empresa do setor. O grupo criado
a partir dessa aquisição deve faturar cerca de R$ 500 milhões
e já controla as operações das editoras Ática e Scipione
com um portfólio pedagógico de 3,5 mil títulos. A ‘Abril Educação',
equivalente a Wireless Generation de Murdoch,
não é a única coincidência entre os dois grupos.
A exemplo da News Corp, a Abril através da revista
Veja também pratica um método de jornalismo assemelhado
ao que levou ao fechamento do News of the World. A sintonia
reafirmou-se- em recente episódio em que um repórter da revista
semanal tentou instalar um equipamento de espionagem
no quarto de hotel ocupado pelo ex-ministro José Dirceu, em Brasília.
Uma camareira acossada pela reportagem de Veja
para colaborar na invasão denunciou o método criminoso de jornalismo
que, desta vez, foi abortado. O MEC e o governo de São Paulo,
que tem suculentos contratos com a Abril Educação, bem como
a UNE e sindicatos de professores não se manifestaram sobre o episódio.
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