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Nassif, que tal uma entrevista online com a secretária de Educação? Você escolheria alguns participantes e teríamos um bate-papo? impossível?
Abraços...
Luiz Carlos,
Desculpe-me, mas não entendi muito bem. O que você viu de tão errado nessa visita do empresário à escola?
Abraço,
João
Emerson,
Concordo que uma avaliação sobre metas deve levar em conta a experiência de outros países. O que eu acho é que, se estamos realmente pensando em melhorar a educação no Brasil, temos que ser realistas, e pensar em soluções que caibam em nosso orçamento, e comecem a produzir resultados (aos poucos, é claro) no curtíssimo prazo. O que está em jogo é a vida dessas crianças que estão aí, e não apenas das crianças que vão nascer daqui a cinquenta anos. Temos que começar a tomar medidas que façam alguma diferença imediata e, para isso, é fundamental sabermos de onde estamos partindo.
Estamos partindo do caos generalizado. Acho que foi o Luiz Carlos quem deu o testemunho da situação dos prédio em que ele trabalha, em Sorocaba. Não dá para ligar os computadores simultaneamente, pois a fiação não aguenta. É claro que a recuperação (mas, acima de tudo, a MANUTENÇÃO) do espaço físico é condição sine qua non para implementarmos qualquer mudança. Mas exatamente essa precariedade já impõe uma distância enorme com relação ao modelo finlandês, por exemplo. Você viu as fotos das salas de aula que eles têm por lá? Pois é. Vamos lutar para termos salas de aula assim aqui no Brasil? É claro que vamos. Mas, ao mesmo tempo, vamos partir do seguinte fato: no curto e no médio prazo isso não vai acontecer. Isso não depende de o governo ser do PSDB ou do PT. Você pode pôr Jesus Cristo no governo do estado. Se ele não fizer milagres, não teremos salas de aulas como as finlandesas em toda a rede pública nos próximos 50 anos. Não há dinheiro para isso. Temos que imaginar melhorias possíveis, viáveis.
Pelo que pude ler, o sistema finlandês é fortemente descentralizado. As escolas têm uma grande autonomia curricular. Só que, ao mesmo tempo, a maior parte dos professores tem mestrado, e os alunos têm dinheiro para comprar livros didáticos à vontade. Se o professor acha que o livro tal é interessante, basta escrever o título na lousa, e no dia seguinte todos terão o livro em mãos. Será que podemos aplicar o modelo ao Brasil? Na minha opinião, não dá. Para começo de conversa, a maioria absoluta dos professores da rede pública (não por culpa deles, veja bem) têm uma formação absurdamente precária. Muitos nos procuram no começo de cada ano, na universidade, querendo fazer o mestrado, e por isso conheço o problema bem de perto. São todos? Não são todos, mas aposto que é grande maioria. É culpa deles? É claro que não é culpa deles. Mas a questão não é quem tem culpa de quê. A questão, mais uma vez, é o que fazer com esse material humano que temos aí. A ênfase, na minha opinião, por enquanto não deveria ser posta na realização de um mestrado, ou coisa que o valha. O buraco é muito mais embaixo. Os professores têm que fazer cursos de reciclagem focados nos conteúdos que eles têm que transmitir aos estudantes e em técnicas pedagógicas objetivas, vinculadas ao conteúdo. Dar autonomia às escolas com esses professores que temos seria institucionalizar o caos. Dada a realidade que vivemos, precisamos de centralização. Seria muito melhor que os professores lidassem com um material didático unificado e barato, acabando com a farra do livro didático, que só faz a fortuna das editoras. A unificação do material didático facilitaria enormemente o planejamento dos cursos de reciclagem, e possibilitaria o uso intensivo da educação à distância.
Finalmente, a questão da avaliação. Achei fantástico o material que você disponibilizou. O PISA, pelo que vi, é um sistema de avaliação focado na aplicação do conhecimento adquirido na escola. A questão de biologia que eles citam como exemplo (não li as provas completas, que também estão disponíveis no site) é uma notícia de jornal, envolvendo o uso de testes de DNA. A primeira questão testa se o aluno tem uma idéia precisa do que vem a ser o DNA. A segunda, testa se ele tem uma boa idéia de quais são as questões criminais que podem ser resolvidas mediante o uso de técnicas científicas, e quais não podem. Mas, veja o seguinte: o PISA é um método de avaliação. As escolas européias não se recusam a fazer testes de rendimento. Pelo contrário. Elas utilizam esses testes para programar suas estratégias de ensino. Ora, é exatamente isso que devemos fazer aqui. Não devemos combater as avaliações. Devemos lutar para que elas sejam cada vez mais freqüentes, e cada vez melhores. E devemos lutar para que nossos estudantes se saiam cada vez melhor nessas avaliações. Uma das maneiras de se fazer isso é tomar a melhoria no resultado da avaliação como meta a ser atingida. Que mal há nisso?
Somente agora a sociedade pode avaliar o resultado da nova política educacional instituída pela LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação). A Progressão Continuada é, na teoria, uma excelente saída para resolver em um só golpe dois problemas diferentes: O primeiro problema é o pedagógico.
O novo sistema de progressão continuada eleva a auto-estima do aluno que não passará mais pelo trauma anual da repetência (cabe aqui salientar que a reprova do ciclo de 4 anos pode ser bem mais traumática do que a reprova de apenas um ano letivo).
O segundo problema é estatístico. O Brasil precisava cumprir as metas propostas pelo governo no plano decenal da educação onde, o governo brasileiro deveria reduzir o número de crianças fora da escola e repetentes ( cabe aqui também lembrar que reduzir o número de crianças repetentes significa reduzir custos para o Estado).
Os frutos desta nova política todos já conhecem. Hoje muitas crianças chegam a 8ª série sem saber ler e escrever adequadamente, aumentando assim a exclusão social da população que, não conta com nenhum tipo de qualidade de ensino. Dizer que a culpa é dos professores, coordenadores e diretores é cômodo pois assim, salva-se as boas intenções do governo.
A pergunta que todos deveriam fazer aos nossos representantes da área da educação é:
Como foi aplicada essa nova política?
Como os professores assimilaram esta proposta?
Essa proposta foi discutida democraticamente ou foi simplesmente planejada em um gabinete e instituída como uma medida autoritária?
Qual apoio tem recebido os professores no que diz respeito a reflexão, entendimento e discussão desta proposta?
O que se viveu dentro das escolas foi a vinda de uma nova proposta renovadora, sem dúvida nenhuma, teoricamente perfeita mas, uma proposta que não deu as professores a oportunidade de refletir sobre sua prática, sobre o que fazer a partir daquele momento.
Foi exatamente aí que a progressão continuada virou progressão automática, foi exatamente aí que muitos alunos foram perdidos e hoje são encontrados nas oitavas séries do Ensino Fundamental sem saber ler e escrever.
Giselle Cristina Avellar
Professora do Ensino Fundamental e Pedagoga
Marcelo,
Ainda não entendi qual é o argumento contra o bônus por desempenho. De que há OUTRAS coisas a serem feitas, ninguém discorda.
Abraço,
João
Luiz Carlos,
Desculpe-me, mas não entendi muito bem. O que você viu de tão errado nessa visita do empresário à escola?
Abraço,
João
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