Declarada a anistia ao educador Paulo Freire, com pedido de perdão

Do Portal do MEC

Em julgamento nesta quinta-feira, 26, durante o Fórum Mundial de Educação Profissional e Tecnológica, foi declarada a anistia do educador Paulo Freire. A Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, que analisou o requerimento feito pela viúva Ana Maria Freire, em 2007, sob a ótica da perseguição política sofrida pelo educador à época da ditadura, também pediu desculpas pelos atos criminosos cometidos pelo Estado.

“Esse pedido de perdão se estende a cada brasileiro que, ainda hoje, não sabe ler sua própria língua”, disse o relator do processo, Edson Pistori. Para ele, a perseguição a Paulo Freire pela ditadura se traduz no impedimento à alfabetização de milhares de cidadãos e, principalmente, à conscientização de cada um deles sobre a própria condição social.

Paulo Reglus Neves Freire nasceu em Recife, em 1921, e morreu em São Paulo, em 1997. Ficou conhecido pelo empenho em ensinar os mais pobres e se tornou uma inspiração para gerações de professores. Freire desenvolveu um método inovador de alfabetização, a partir de suas primeiras experiências, em 1963, quando ensinou 300 cortadores de cana a ler e a escrever em 45 dias. O educador sofreu perseguição do regime militar (1964-1985), ficou preso por 70 dias e foi exilado por 16 anos, considerado traidor.

Em 1967, durante o exílio, no Chile, escreveu o primeiro livro, Educação como Prática da Liberdade. Em 1968, publicou uma de suas obras mais conhecidas, Pedagogia do Oprimido. Freire retornou ao Brasil em 1980, com a anistia que permitiu o retorno dos exilados, e foi nomeado secretário de educação da cidade de São Paulo, cargo que exerceu até 1991.

“Resolvi fazer o requerimento para resgatar a cidadania de meu marido e atestar que ele é um verdadeiro brasileiro. Assim como muitos, ele lutou por um Brasil mais bonito e mais justo”, disse Ana Maria Freire. A reparação econômica concedida pela comissão de anistia à viúva de Paulo Freire será de 480 salários mínimos, não excedendo o teto estipulado de R$ 100 mil, pagos em parcela única.

Concedida anistia post-mortem ao educador Paulo Freire

Agência Estado

VANNILDO MENDES - Agencia Estado BRASÍLIA - Diante de 15 mil pessoas, entre elas 2 mil educadores do Brasil e de outros 22 países, a Comissão de Anistia anunciou a concessão da anistia post-mortem ao educador brasileiro Paulo Freire, criador do método revolucionário de alfabetização que leva seu nome, adotado em diversas países. Preso em 1964 pelo regime militar, demitido da Universidade Federal de Pernambuco e expulso do País como subversivo, Freire morreu em 1997.

Seu "crime", comentou o presidente da Comissão de Anistia, Paulo Abrão, foi ter identificado na alfabetização um processo de "libertação e conscientização política" das camadas mais pobres da população. Na avaliação de Abrão, a perseguição a Freire foi "um dos prejuízos mais severos e imensuráveis que a ditadura militar legou ao Brasil."

O julgamento do processo de reparação a Freire, movido pela família do educador, contou com a presença da viúva dele, Ana Maria Araújo Freire. O anúncio da anistia foi feito no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília.

Em mensagem enviada de Manaus, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se solidarizou com a família do educador. "Anistiar Freire é libertar o Brasil da cegueira moral e intelectual que levou governantes a considerarem inimigos da Pátria educadores que queriam libertar o País do analfabetismo", afirmou.

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Respostas a este tópico

Olá, Beth,

Este ato faz justiça às avessas, na verdade anistia o silêncio geral de um pais que assistiu à ditadura militar e agregados civis violentar uma das maiores expressões da cultura brasileira (dentre tantos outros, igualmente submetidos ao calaboca).

Vale a homenagem (sempre póstuma, né?). Cá pra nós, Paulo Freire nem precisa disso, não mais. O que ele produziu, "inventou", segue falando por ele, inspirando novas visões pedagógicas e em todas as formas de expressão cultural e política, sem necessidade de endosso de Estados nem personalidades. Será sempre revolucionária, e sempre "subversiva", porque toma educação como base pra mudanças estruturais, no próprio indivíduo e nas sociedades.

Beijo, Beth.
é verdade Liu, mas, por outro lado (sempre tem o outro lado, né) dá sinais de um país onde seus homens cometem ousadias, antes inimaginadas, ainda que pequenas. e, quem sabe, quem sabe, tome mesmo a coragem de punir aqueles que torturaram, covardemente (redundância, pois todo ato de tortura é covarde, mas se faz necessário que sejamos redundantes, repetitivos) nossos irmãos.
Certamentaquele panfleto intitulado Veja deitará e rolaá, mais uma vez, sobre a memória de um dos mais ilusres educadores do mundo. O mundo o considera, os brasileiros o consideram. portanto, é o que vale. Beijos pros dois
Vocês brasileiros nem sabem como o Paulo Freire é visto como patrimônio da humanidade fora do País. Quando é recebi treinamento de professor (eu ensinava a rétorica e o que chamamos de composição (escrevendo ensaios académicos) em Berkeley, PDO foi leitura indispensável ...
quem disse que a gente não sabe, brayton, quem disse?!
quem não sabe? quem nunca quis saber? quem mandou ele se calar?
as gentes sabemos sim, e tem outras gentes que não sabem, não é isto?

e te digo mais: sei, muita gente sabe dos limites e possibilidades do discurso paulofreiriano! para seguir este caminho, veja a tese XI, lembra?
sim Luzete, nós sabemos sim Carlos!

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