Uma nação que se quer emancipada precisa, definitivamente, tratar a educação como uma questão de Estado. A educação não pode depender, exclusivamente, da boa-vontade de governos passageiros, de programas eventuais, de projetos específicos, de movimentos sociais com interesses os mais diversos, de receitas milagrosas para promoção do rendimento escolar.
As nações que lograram grandes êxitos colocaram a educação como meta a ser perseguida, independentemente do governo de plantão. Pegue-se o exemplo dos Estados Unidos. Hoje um péssimo exemplo em termos de economia, mas que tiveram, desde a Primeira Guerra, um projeto de nação onde a ciência, a tecnologia, a cultura, a escolarização formaram a base daquilo que ela representou por todo o século 20.
Os Estados Unidos, à despeito do uso político que fizeram das conquistas científicas e tecnológicas ( e isto pode-se fazer diferente) não economizaram. Souberam reunir em torno das suas universidades, privadas na gestão, é verdade, mas com fortes subsídios estatais, os maiores cérebros da ciência em todo o mundo, transformando-as em verdadeiras fábricas de conhecimento. Muitos descontentes não se submeteram a ideologia deste desenvolvimento. Na área da filosofia é conhecido o exemplo dos egressos da Escola de Frankfurt que, fugindo do nazismo, não quiseram se moldar a uma ideologia que tinha na indústria bélica o grande motor do desenvolvimento e, no silenciamento do pensamento crítico, a forma de trabalho.
Não se trata, portanto, de copiar a ideologia americana, mas o conteúdo desta visão. Compreender que educação exige investimento e de longo prazo. Sem retirar a autonomia dos estados, municípios e sem desqualificar experiências exitosas de inúmeros movimentos sociais, o Brasil exige sair desta colcha de retalhos e se impor metas e recursos capazes de dar unidade e garantir a continuidade daquilo que vem se anunciando numa série de medidas eventuais e tópicas.
Somos uma nação que tem tudo para dar certo: território grandioso com lugar para todos, clima propício, povo trabalhador e generoso, cultura vigorosa e extasiante. Só falta coragem para enfrentar a elite perdulária e transformar o Estado num agente capaz de representar o interesse de todos os homens. E, para isto, a educação, no seu sentido mais amplo, é questão estratégica.
Não é esta uma boa plataforma de campanha eleitoral? Fazer do Brasil grande, um grande Brasil?