Em seu artigo desta terça-feira, 02/12, J.P. Coutinho, um reacionário assumido, nos deu um exemplo de como a canalhice no meio jornalístico está disseminada. Seu artigo é uma crítica explícita à figura do escritor José Saramago. Até aí, tudo bem, pois para os informados era evidente, por conta da postura dos dois, que Coutinho nunca elogiaria o escritor português. Mas, quase uma semana depois da Folha ter sabatinado o Nobel de LIteratura, sabatina aliás muito disputada pelos assinantes do jornal, Coutinho chama os leitores de Saramago de iletrados. Porém, numa estratégia textual, começa a elogiar algumas obras do escritor e inicia a abordagem sobre o novo livro, A Viagem do Elefante.
Para o meu estarrecimento, Coutinho conta o final do livro quase no final de seu artigo.
Nada me tira da cabeça que a estratégia de jogar um balde de água fria foi proposital. O livro recém lançado certamente estava a ser lido por muitos leitores, o artigo era chamativo e o autor se utilizou disso para ser desleal. Não sei se estou a fazer "tempestade num copo de veneno", mas fiquei muito indignado, pois eu era um desses leitores que estavam ainda no meio do livro.
Não sei também se há uma ética entre colunistas culturais que proiba a revelação de desfechos de obras, sejam elas literárias ou de cinema.
Mas que até agora eu estou com um azedo na boca por conta de me deparar com uma canalhice textual que me faz ter nojo da grande imprensa, cada vez mais.