O Ministério de Justiça, publica dados do crescimento da ´explosão´ da criminalidade no Brasil, de 1992 a 2011, com aumento de 184%.
Vejo que na relação preso/100 mil hab, estamos na média o que não significa que esteja bom, mas que, em todo o mundo tem havido esse aumento absurdo.
A grande questão social disso, é que em cada crime, há sempre, no mínimo duas famílias vítimas que pagarão com muito sofrimento e desarticulação. Quase sempre são das camadas mais empobrecidas e hipossuficientes que ficam ainda mais fragilizadas.
Em minha sistemática oposição às políticas em bases raciais, em razão dela produzir baixa-estima na comunidade beneficiária, sempre citei a tragédia que se abate, atualmente, sobre a comunidade afro-americana. Em 1970, apenas 0,1%, ou 30.000 estavam nas prisões. Em 2011, mais 2,5 milhões, ou 6% estavam sob custódia da justiça. Em alguns estados, 45/50% dos jovens de 16-30 anos, estão cumprindo penas. Nos anos 1960, 13% das crianças eram filhas de máes-solteiras. Com Obama na Presidência, mais de 70%. Um evidência de piora nas condições sociais das próximas gerações. Em 2008, em campanha, o candidato OBAMA obrigado a se manifestar disse: os afro-americanos vivem num niilismo social sem paralelo. Uma tragédia social em que a desarticulação familiar é o principal sintoma.
Como não houve nenhum outro fator de grande alcance social, debito esse niilismo, à uma crescente desesperança e perda de auto-estima, exclusivamente às políticas de cotas raciais largamente empregadas a partir de 1969. Walter Williams, economista e pesquisador afro-americano, diz que em razão do ´privilégio de cotas´ as crianças e os jovens perderam o orgulho das conquistas de seus pais e avós e passam a viver sem vínculos familiares e com a igreja que formavam a base nuclear dos afro-americanos. O núcleo familiar se desintegra, diz o professor da Universidade George Mason.
A opinião do professor é respeitável, para quem não crê nas teorias de Lombroso (da criminalidade inata), pois além de conhecer o ambiente político e social ele é um acadêmico que trabalha com dados da realidade e, assim, procura no ambiente social e nas políticas públicas compreender as razões que induzem uma parcela tão grande da população, historicamente unida para enfrentar desafios da pobreza e da opressão racista a uma mudança tão substantiva em sua sociabilidade.
Enquanto a média nos EUA é de 730 presos por 100.000 hab., entre os afro-americanos são 3.670 a cada 100.000, ou seja, cinco vezes a média. Conforme Williams, não são apenas os pretos pobres. Há filhos de milionários, de atletas, jornalistas, executivos e empresários que estão cumprindo penas. No Brasil com a média de 288, entre os afro-brasileiros está pouco acima: 360. A dedução lógica é que nos EUA os afro estão delinquindo mais porque são pretos e ficaram desajustados em razão da política de estado. No Brasil, os pretos cometem mais crimes apenas por que são pobres, vivem na periferia, nos morros, à mercê de violência institucional. Somos 70% dos pobres e exatos 70% no sistema carcerário.
Abaixo os dados dos dez países com maior número de presos. Para melhor visualizar, destaquei alguns dados e vejo que o problema é mundial. Pela ordem de quantidade. Como os números são absolutos e há diferenças grandiosas no número de habitantes, acrescentei o percentual de presos por número de habitantes e (presos por 100.000 hab.).
Há dois destaques: nos EUA 730 por 100.000 e na Índia, apenas 30.
População - % de presos – total – (presos p/100 mil) acréscimo: 1992/2011
Fontes: World Prison Brief / Ministério da Justiça do Brasil - http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/12/121226_presos_bras... |
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1 |
EUA ( 340 mi/hab = 0,67%) |
2.266.832 |
(730 p/100.000) + |
106% de 1992/2011 |
2 |
China (1.400 mi/hab= 0,17%) |
1.640.000 |
(121 “ ) |
n/d |
3 |
Rússia (145 mi/hab= 0,47% ) |
708.300 |
(495 “ ) |
+ 91% |
4 |
Brasil (196 mi/hab=0,26%) |
514.582 |
(288 “ ) |
+184% |
5 |
Índia ( 1.200 mi/hab = 0,03%) |
372.296 |
( 30 “ ) |
+112% |
6 |
Irã ( 80 mi/hab = 0,31%) |
250.000 |
(333 “ ) |
+ 294% |
7 |
Tailândia (70 mi/hab= 0,35%) |
244.715 |
(349 “ ) |
+195% |
8 |
México (120 mi/hab= 0,18%) |
238.269 |
(206 “ ) |
+126% |
9 |
Áfr. do Sul (50mi/hab= 0,31%) |
156.659 |
(307 “ ) |
+132% |
10 |
Ucrânia (46 mi/hab= 0,32%) |
151.137 |
(334 “ ) |
+ 97% |
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Nao nego que possa haver interpretaçoes de cunho propriamente racial. Mas tb acho que você interpreta a questao da auto-declaraçao de modo redutor. Acho importante que negros afirmem que sao negros! Isso nao é uma questao de 'raça" (biologia") mas uma questao de auto-aceitaçao e auto-valorizaçao, de nao pretender ser branco por preconceito contra o próprio povo. Tive uma faxineira, mulata, casada com negro, que achava um absurdo que eu entao namorasse um negro; para ela servia, para mim, uma branca de classe média, nao... É contra isso que a auto-afirmaçao se volta...
É mais ou menos o significado do "black is beautiful" -- e tb, noutra esfera, do "quero ser feliz na favela em que nasci". E, de modo mais geral ainda, ser brasileiro nao é ser de um "povinho de merda"... Ou seja, uma questao simbólica, nao biológica.
Eu nao sou favoravel incondicionalmente às cotas para negros porque acho a implementaçao complicadíssima, exatamente porque nao pode ser feita por questao de genótipo, e nao pode tb se reduzir à cor da pele, porque dois irmaos, um branco e um preto, filhos dos mesmos pais negros ou mestiços, sofreram as mesmas consequências da situaçao dos pais (mas nao serao igualmente tratados numa entrevista de emprego, nem pela polícia...). E a auto-declaraçao, num país em que a "lei do Gerson" é uma constante, tb tem seus problemas. Esses sao os pontos que acho complicados nas cotas, nao o caráter "racial", que elas nao têm, ou nao precisam de ter.
Você mesmo fala que o aumento da criminalidade está acontecendo no meundo inteiro! Haja falta de coerência... As cotas viraram, para você, a causa de todos os males. Isso nao é sério! Fazer isso desmerece inclusive a sua posiçao...
Ah, Militao, me poupe, tá? Nao me ofenda, tá? Nao quero mais discussao sobre esse assunto, é impossível discuti-lo com você, e eu ainda caio nisso. Chega!
FALE POR VOCÊ. NAO ME ATRIBUA O QUE NAO PENSO. E nao quero mais discutir esse assunto com você. Ponto. Passe bem.
Para desanuviar um pouco o debate vou contar uma historinha que talvez explique porque da indignação do Militão, poderia até dar um nome:
Quando me senti um negro.
Quando cheguei a França para estudar uma coisa e tive que estudar outra (mas aí é outra história) eu e Ana fomos convidados para um jantar na casa do tutor da Ana, um excelente pesquisador francês de bom carácter e tanto ele como a sua esposa solidários com ao terceiro mundo.
Logo ao chegarmos a casa deste gentil casal fomos muito bem recebidos, como iguais, nem parecia que eramos brasileiros. Com a conversa ouvimos uma série de histórias que falavam do engajamento de Madame a causas de apoio do terceiro mundo, causas que mostravam quão piedosos e gentis eram aquele casal. Lá pelas tantas veio um assunto, que não me lembro exatamente o que era, mas falava de uma intervenção de uma ONG de origem francesa em um dado país, não me lembro o país mas me lembro qual era a organização que não vou declinar o nome.
Pois há dois ou três anos antes tinha assistido numa casa de um amigo um show de slides de um médico brasileiro sobre a permanência deste mesmo médico no Afeganistão na organização que estavam falando, este médico brasileiro, que tinha caído na mensagem de ajuda a outros países, tinha por companhia outo médico, um norte-americano, este médico ianque tinha uma pequena peculiaridade, conhecia tudo de armamentos e identificava o calibre dos obuses soviéticos somente pelo som, a conclusão que o nosso compatriota chegou que além de médico o norte-americano trabalhava para outras agências além da ONG, ou seja, tinha ido até o Afeganistão não por solidariedade, mas a serviço.
Relatando este fato ao casal de Franceses tive a petulância de dizer que o melhor que eles poderiam fazer é deixar o terceiro mundo de lado e não enviarem ONGs solidárias e tropas militares. No momento que falei isto a conversa esfriou e todos aqueles assuntos de solidariedade ao terceiro mundo desapareceu, começamos a ser tratados mais como alguém que não aceitava a piedade e todo o amor que os europeus levaram e levam à África, Ásia e América Latina, compreendi naquele momento que deveríamos ser agradecidos a todo o esforço de espírito de bondade e compaixão que eles nos ofereciam, e não devíamos questionar aquilo que nos era oferecido.
Compreendi também que dentro do espírito destes abnegados europeus não deveríamos lutar com nossas forças contra a miséria e o subdesenvolvimento, mas sim sermos conduzidos por mãos piedosas que nos mostrariam o próprio rumo.
Depois deste jantar, comecei a formar amizades com vários franceses, principalmente aqueles que me tratavam como iguais e por conhecerem mais o nosso país até tinham determinada inveja de alguns aspectos de porte, de grandeza que temos em relação a eles.
Tanto eu e a Ana, que é bem mais centrada e dócil do que eu, entendemos o que é se sentir discriminado, discriminação piedosa ou não, mas discriminação. Posso dizer com clareza, foi a única vez que me senti discriminado piedosamente, e é bem mais duro e dolorido do que outros atos de discriminação truculenta que tivemos enquanto estávamos na Europa, pois a discriminação truculenta se reage da forma convencional e a piedosa nos diminui em muito a nossas defesas e a auto-estima.
Talvez seja por este simples ato pequeno e causal, que chegou exatamente num momento em que estávamos inseguros e começávamos a sentir saudades de nosso povo, que me leve a entender muito sobre os efeitos da introdução das cotas raciais.
Maestri!
Com o devido respeito, continuas a não entender nada.
Se você fosse realmente negro, bem provável, não seria nem convidado para o tal jantar. A cor da sua pele o descredenciaria... Não raro, negros são barrados na porta... Pelo menos, grosso modo, é o que ocorre no Brasil.
Abs.
Antonio
Poderia contar poucos eventos que sofremos discriminação do tipo que coloca acima, por exemplo de ser chamado "refugiado da România" (era a época da queda do muro e muitos romenos procuravam abrigo na França) e ser corrido como um cachorro porque estava em determinado local simplesmente para "roubar". Este fato eu chamo a discriminação truculenta, eu sei exatamente o que é isto! Mas uma discriminação deste tipo só dá raiva e desperta não perda de sua auto-estima, mas simplesmente ódio.
Não pense que a discriminação é privilégio de algum povo, etnia e ou cor de pele, é algo mais amplo do que isto, é só alguém sair do seu meio ambiente onde não é discriminado e terá surpresas.
O objetivo do meu relato não era falar sobre este tipo de discriminação, mas sim de algo mais sutil e que mina a auto-estima da pessoa, aquela discriminação que te trata com "pobrezinho ele é inferior e precisa de nossa ajuda para pelo menos sair da barbárie".
Acho inclusive que fatos como o que acima citas estão se tornando raros e são facilmente combatidos, porém o outro tipo de discriminação, mais sutil e elegante continua e continua forte, e acho que neste momento é este tipo mais sutil, elegante e delicado, que simplesmente és aceito desde que saiba exatamente o teu lugar que continua, é algo mais perverso e mais difícil de combater. E mais, conforme ele é operado o seu efeito é mais perigoso do que uma discriminação truculenta e aberta.
A "indignaçao" do Militao veio sobretudo quando eu mostrei o caráter ilógico e contraditório do argumento dele sobre as açoes afirmativas serem causa da maior criminalidade de negros, quando, como ele mesmo mostra neste tópico, a criminalidade está crescendo em todo lugar, quer tenham havido açoes afirmativas ou nao. Aí passou a me ofender, me atribuindo posiçoes racistas. E quando reagi a isso ainda diz que parei de discutir por falta de argumentos... Cara de pau pouca é bobagem.
Rogério,
Ora, ´cara-de-pau´ é quem defende políticas raciais destinadas a humilhação dos pretos e pardos com a evidente violação da nossa dignidade humana e recusa assumir essa nefasta doutrina racialista.
Pergunte ao Senador Sarney ou à Senadora Ana Rita ou ao Senador Paim se eles são racialistas e se estão defendendo políticas raciais e, todos, sem exceção, sentir-se-ão ofendidos. Já conheço bem esse tipo.
- minha indignação é que pela falta de boa argumentação, os racialistas, você e Orlando, ficam apenas na vitimização que nós, pretos e pardos, não pedimos e deturpando minhas afirmações.
- minha indignação é que de fato ´cotas raciais´ com base em raça estatal é a mais perversa política pública onde quer que seja adotada e é sim responsável pela piora do ambiente social onde quer que seja adotada.
- minha indignação é que não há nenhuma boa experiência de ´cotas raciais´ que possa ser exibida como exemplar de boas políticas públicas.
- minha indignação é citarem os poucos milhares de afro-americanos bem sucedidos (a elite privilegiada por cotas raciais) e esquecerem dos milhões de jovens nas cadeias, desempregados, nas drogas, nas ruas, marginalizados todos destituidos de auto-estima e de esperança num futuro melhor.
- minha indignação é a imposição pelo estado a jovens afro-brasileiros um projeto político em que 70% das crianças são filhos de mãe-solteiras e 50% dos jovens de 16-30 anos estão cumprindo penas criminais.
- minha indignação é que querem nos impor isso. Uma covardia contra nossas crianças, jovens e futuras gerações que pagarão com suas vidas o alto preço dessa mesquinharia estatal.
- minha indignação é não ouvirem os beneficiários para a imposição de política que altera profundamente a identidade e cidadania com efeitos colaterais perversos.
- minha indignação é se basearem nas palavras de cotistas beneficiários ou de profissionais de ONGs sobre tais políticas, que tem o mesmo sentido de ouvir a palavra de um alforriado sobre a validade da alforria, mesmo sabendo que o insititudo da alforria foi um engenhosos método de perpetuação da escravidão e de controle social. As cotas perpetuarão o racismo.
Quanto à opinião política dos afro-brasileiros, vejam a resposta eleitoral da Bahia (77% de pretos e pardos) frente às políticas raciais do PT: em 2012 elegeram a ACMNeto, o representante-mór do PFL-DEM que foi o partido que teve a petulância e a ousadia de questionar as políticas públicas de Ações Afirmativas. (eu questiono apenas a segregação de direitos raciais impostas pelo Estado através da adoção de ´raça estatal´).
E ainda procura confundir os argumentos que apresento sem contesta-los.
Por exemplo, nessa questão da crimalidade, em momento algum me referi a ´Ações Afirmativas´- doutrina que sou defensor desde os anos 1980 - mas sim aos malefícios das COTAS RACIAIS COMPULSÓRIAS induzidas pelo estado como fator da evidência da baixa-estima dos afro-americanos. A baixa-estima expõe às jovens vítimas, fragilizando-as, e isso tem acontecido desde os anos 1990 nos EUA. Uma tragédia social. O maior niilismo social inédita no mundo civilizado, segundo OBAMA (2008).
Veja o que escrevi e você está aqui depurpando (logo acima): " Agora, em relação à criminalidade, enquanto a média nos EUA e no mundo é de 100% a cada vinte anos, isso seria normal também para os afro-americanos. Ou não?? Porém, veja os índices: foi de 0,100% em 1970 para 6,00% em 2010, ou seja, enquanto a média seria 200/250%% em quarenta anos, entre os afro-americanos foi de 6.000%. Bem... Como eles vivem no mesmo país e sob as mesmas leis, o que deduzimos é que a única alteração substancial nesses 40 anos foram as cotas raciais compulsórias. Pode não ser a causa exclusiva. Mas essa foi a única alteração introduzida pelo estado na vida dos afro-americanos."
Desculpe, não há contradição nem ilógica. Há uma constatação: enquanto a média de aumento da criminalidade subiu 200%, entre os afro-americanos o aumento foi de 6.000% ou 30 vexes a média.
E ainda, por amor ao debate, perguntei se tivesse outra explicação sociológica que a apresentasse para nos ilustrar. Ora, pode ser uma dedução equivocada? Demonstre mas não diga simplesmente que soe contraditório e ilógico. Não é.
Em vez de explicação alternativa, voce se diz ofendida??
Tenho feito esse desafio a todos os defensores de segregação de direitos raiciais. Não tente iludir as pessoas. Assuma: eu sou uma racialista e defendo direitos raciais segregados. Pronto. Vou combater tua doutrina (não exposta). Mas ficar negando é isso que entendo seja ´cara-de-pau´.
© 2022 Criado por Luis Nassif.
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