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Oi, Frederico
Nao vi esse seu tópico aberto, e criei outro sobre o mesmo assunto. Ponho agora aqui o que pus lá:
por Luana Diana dos Santos, para o Viomundo
Quem acompanha com freqüência o Viomundo deve ter visto os vários posts sobre a greve dos profissionais da educação de Minas Gerais, que hoje completa 36 dias. Até o momento, além de Minas, Santa Catarina, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte permanecem em greve.
Como já foi dito pelos meus colegas que aqui deixaram seus escritos, a situação dos professores mineiros não difere muito da denunciada em vídeo pela professora potiguar Amanda Gurgel no mês de maio. Além dos baixos salários, convivemos com jornadas extenuantes, condições precárias de trabalho e o que pouca gente sabe, é que a cada dia aumenta o número de trabalhadores afastados das salas de aula por problemas emocionais e psicológicos.
Na terça-feira a greve ganhou um novo capítulo. Não sei se para ser lembrado ou esquecido. Um grupo de professores ao ser impedido de realizar uma assembléia nas dependências da Cidade Administrativa, sede do governo estadual, fechou a Linha Verde, via de acesso ao aeroporto Tancredo Neves (em Minas, os Neves estão por todos os lados, assim como os Magalhães na Bahia e os Sarney no Maranhão). O que se viu foi o quanto os resquícios da ditadura permanecem vivos por essas bandas. A Tropa de Choque agrediu os professores com cassetetes e usou gás de pimenta para dispersar os manifestantes. Não é necessário dizer muita coisa, as imagens falam por mim:
No dia seguinte, como tem acontecido desde o início do movimento, cerca de 5 mil professores reuniram-se no pátio da Assembléia Legislativa. Antes de me juntar aos companheiros de profissão, caminhei pelos corredores da Casa. Em um dos gabinetes, duas mulheres conversavam animadamente, enquanto um rapaz debruçado sobre uma mesa dormia um sono profundo. Realmente alguns escritores são atemporais. Tive a sensação de estar diante das repartições públicas narradas por Lima Barreto e Graciliano Ramos durante as primeiras décadas da República.
Em seguida, caminhei até o refeitório. Sentei próxima a um grupo de professoras. Deduzi que elas vinham de longe, pois traziam o almoço em marmitas. Descobri que eram de Ituiutaba, cidade que fica a 700 km de Belo Horizonte. Perguntei o que as levaram viajar quase 12 horas de ônibus somente para participar da manifestação. Recebi uma resposta sem meias palavras: “Luto pela minha dignidade”. Diante de tantas indagações uma delas perguntou em qual jornal eu trabalhava. Achei graça. Expliquei que a imprensa mineira dificilmente noticia qualquer coisa que arranhe a imagem do governo tucano. Por aqui são muitos os fantasmas dos anos de chumbo a nos perserguir.
Deixei as dependências da Assembléia e no meio da multidão encontrei uma amiga dos tempos da faculdade. Recebi notícias de algumas pessoas que formaram conosco. Joana montou uma loja de bijouterias, Ana trabalha em uma empresa de equipamentos de segurança, Adriana vende produtos de informática e André atua na área de consultoria. No frigir dos ovos, apenas 5 ou 6 lecionam. Está explicado o motivo do esvaziamento dos cursos de Licenciatura. É muito difícil permanecer numa profissão cujo piso salarial básico é de R$ 550,00.
As pessoas costumam dizer que o mineiro “come queto”, é receptivo e desconfiado. Acrescento que também somos criativos. Em um dos cartazes de protesto, a sigla do PSDB ganhou um acróstico – Pior Salário Do Brasil. Em outro, Anastasia é “Procurado”. Desde que os setores da educação, da saúde e da segurança entraram em greve, tornou-se muito difícil ter notícias do governador. Morto ele não está. Apareceu no velório de Itamar ao lado de Aécio e Serra. Vez por outra inaugura uma obra nas cidades do interior. O afilhado de Aécio não faz outra coisa além de preparar o terreno para o p adrinho. E olhem que ainda faltam 3 anos para 2014.
A noite de ontem foi longa. Eram 2 da manhã desta quinta-feira, 14 de julho, e ainda havia professores reunidos no plenário da Assembléia Legislativa. O objetivo era obstruir a pauta dos deputados e com isso impedir o recesso parlamentar. Missão cumprida! Durante esses 36 dias de paralisação, Anastasia e sua base de apoio foram omissos às nossas reivindicações.
Com a desenvoltura de um ator de novela das 8, nosso governador usou a televisão, o rádio e os jornais para tentar desmoralizar um movimento que é legítimo. Em momento algum, Anastasia sinalizou que irá cumprir o que nos é de direito: o pagamento do piso nacional determinado pelo Governo Federal que é de R$ 1.187,97. O valor é praticamente o dobro do que é pago atualmente. Continuam insistindo na política mentirosa de subsídios. Exigimos também a criação de um plano de carreira que valorize a nossa profissão.
Em resposta ao total descaso do governo com a educação, decidimos permanecer em greve por tempo indeterminado. Como disse a professora de Ituiutaba, lutamos pela nossa dignidade.
Luana Diana dos Santos é cronista, historiadora e professora da Rede Estadual de Educação de Minas Gerais.
@luanadianas
Outro vídeo sobre a greve dos professores de MG, sugerido pelo leitor Profº, sim, Drogas, Não
É isto companheira,
E em nome da dignidade o movimento tem que crescer. Sou professor de filosofia. Quando iniciou a greve estava iniciando o eixo de Filosofia Política com as minhas 11 turmas (sou contratado). Como falar de política e cidadania sem a coerência de sua prática? Como falar de democracia enquanto um governador (o atual e o anterior -veja a Lei 100 do Aércio) afronta o STF? Filosofia Política e Ética só fazem sentido como práxis. Como professor de filosofia não tenho coragem de olhar meus alunos sem que todos este quadro fique transparente e eu possa explicar para eles porque iniciei e porque encerrei minha participação em uma greve. Filosofia Política não é perfumaria, como até mesmo alguns colegas imaginam. Aos 63 anos a filosofia política confunde-se com minha própria vida. Isto é que me dá a energia para prosseguir.
Um grande abraço
Por estas 11 turmas recebo do Governo do Estado de MG o valor bruto de 880,00. O trabalho que tenho em casa, para preparar estas aulas, é maior do que o que tenho em sala de aula. Uma aula de filosofia é um verdadeiro artesanato. Cada aula é única, porque a dinânica do que pode motivar o aluno é única. Não existe matéria na lousa para copiar. Existem temas para serem refletidos, debatidos e redigido (pelos alunos) na forma de pequenas redações, que expressem a maturidade deste alunos sobre o tema refletido.
Como temos apenas uma aula de filosofia por semana, tive que criar um blog para aumentar a presença da filosofia na vida dos alunos. É outro tempo de aula (este não remunerado) a que me dedico. Mas vendo o blog cada um pode entender um pouco do que ocorre nas salas de aula.
Veja você mesma: euamosophia.blgspot.com
Um grande abraço
Frederico
frederico,
aqui a greve continua até segunda, pelo menos, ainda que diminuindo a adesão depois de 60 dias...
veja só o que aconteceu por aqui, ontem:
ALESC aprova PLC 026/2011 e greve continua! Deputados e SINTE/SC denunciam manobra da base do Governo
(frederico, uma diarista aqui cobra 120 reais por faxina... ela está certíssima, mas ganhar o que você ganha para atender 400 alunos em aulas de filosofia... olha, sei não... chora-se, né? e luta-se...) |
Esse é para você, Luzete (é sobre Santa Catarina):
Mais um desrespeito aos professores de Santa Catarina: após 57 dias em greve, um salário mais baixo e a destruição do seu plano de carreira, tiveram as faltas descontadas, apesar de o movimento ter sido legal pela Justiça. Fruto da administração do governador Raimundo Colombo e de Marcos Tebaldi, secretário da Educação do Estado, que admitiu desvios no Fundeb de Santa Catarina.
por Moacir Pereira, no seu blog
Durante as manifestações dos professores da rede estadual, destacaram-se discursos, faixas e cartazes, pedindo uma auditoria no Fundeb. Para os leigos, trata-se de expressão javanesa e tema impopular e desconhecido da maioria da população. E, afinal, auditoria por que?
Algumas respostas para esta e outras dúvidas começam a surgir até dos meios oficiais. E as denúncias de desvio dos recursos podem retornar hoje no Tribunal de Contas do Estado, quando da apresentação do relatório do conselheiro Salomão Ribas Júnior sobre as contas dos governos Luiz Henrique/ Pavan de 2010. Desvio no caso nada tem a ver com malversação, bem claro. Mas com destinação diferente daquele originária, da que está definida em lei federal.
O primeiro “desvio” foi alvo de um pedido de informações do deputado Padre Pedro(PT) sobre os recursos milionários do Fundeb para os inativos. De acordo com o Tribunal de Contas do Estado, a verba do Fundeb, repassada pelo governo federal, deve ser destinada somente à educação: 60% para os salários dos professores e 40% para manutenção das escolas públicas.
A Secretaria da Fazenda informou à Assembléia Legislativa que no período de 2003 a 2010 o governo aplicou a fabulosa quantia de R$ 2.795.232.179,02 do Fundo para pagamento dos professores aposentados, o que fere a lei. O TCE determinou,então, que o governo reduzisse esta transferência até zerá-la, cabendo ao Tesouro o crédito dos aposentados. Com isto, todo o dinheiro do Fundeb seria reservado para os salários dos professores e melhoria das escolas.
Os dirigentes do Sinte souberam esta semana que parte dos recursos do Fundeb tem outro destino. Vai para a Assembléia Legislativa, o Tribunal de Justiça, o Ministério Público e o Tribunal de Contas, poderes que não tem responsabilidade direta pela educação fundamental e média.
Extraído do site Vi o Mundo, do Azenha.
pois é... votaram neles... pagam o preço!
são campeões nesta prática de desviar recurso da sua natureza. sem falar no desvio com a tal da terceirização da merenda escolar. são milhões.
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