Abri esse tópico para que você coloque os discos que marcaram sua vida. No caso, de música brasileira. Se quiser colocar faixas do disco, clique em MINHA PÁGINA e use o adicionar músicas.
Permalink Responder até Helô em 10 outubro 2008 at 22:59
Nassif
Vou pensar se em um ano alguma coisa mudou no meu gosto musical, mas no momento, para ser coerente, copiei e colei meu comentário em um post seu do ano passado :)
Alguns dos meus álbuns preferidos:
1 - Os que têm TOM JOBIM:
Tom, Chico e Miucha
Tom e Edu
Elis e Tom
Eliane Elias plays Jobim e
Passarim
2 - Milton Nascimento (Minas, Geraes e Clube de Esquina nº2)
3 - Chico Buarque (Construção e Meus Caros Amigos)
4 - Tropicália (Gil, Caetano, Mutantes, Tom Zé, Nara, Gal e etc)
5 - Egberto Gismonti (Sonho e Dança das Cabeças)
6 - Hermeto Pascoal (Slaves Mass)
7 - Gonzaguinha (Moleque Gonzaguinha e Gonz. da Vida)
8 - Guinga (Suíte Leopoldina) Alguém lembrou, Nassif?
9 - Mutantes (1968 - 1969)
10 - Secos e Molhados
11 - Paulinho da Viola (Nervos de Aço)
12 - Sérgio Ricardo (Do Lago à Cachoeira) a interpretação de "O Nosso Olhar" é de uma beleza sem fim.
13 - Nana Caymmi e Cesar C. Mariano (Voz e Suor)
14 - Toquinho, Vinícius e Clara Nunes (Poeta, Moça e Violão)
15 - Toninho Horta (1980 e Moonstone)
16 - Tim Maia (1992)
17 - João Bosco (Galos de Briga) *Acrescentado depois.
Da turma que está fora do Brasil, destaco a Luciana Souza e o álbum Brazilian Duos. A interpretação de "Suas Mãos" (Antonio Maria e Pernambuco) é belíssima e a moça é talentosa. Quem quiser escutar "Chega de Saudade", veja um filme que coloquei no YTube:
Quem é o pianista? No youtube só consta o nome da cantora. Em geral não me agradam as "releituras", mas esse piano está demais! Misturou elementos de contraponto barrôco, choro e samba com muito bom gôsto. Coisa difícil de se fazer com criatividade. Acho mais perigosa é a maneira da cantora cantar bossa com essa técnica de impostação lírica,perde o intimismo característico. Linda voz, muito boa, mas meio "bel canto italiano". O ar na voz da bossa é imprescindível.Vou procurar nesse álbum Brazilian Duos. Obrigada!
"Morte e Vida Severina" com o Tuca (1966)
"Construção" Chico Buarque (1971)
"Caimy e Vinícius na Zum-Zum" (1964) em que foi lançado o Quarteto em Cy
"Clube da Esquina" Milton Nascimento
Cada momento, cada época da vida temos discos que fazem nossa cabeça. Não tem muito a ver com as listas de críticos, com os discos antológicos que operam revoluções na história da música. São as tais revoluções intimas, que podem se universalizar, e do nada acordamos e lá esta nosso disco preferido em alguma lista de outrem. Poderia falar de vários discos, mas um em especial fez minha cabeça. Na verdade eu demorei para tê-lo em vinil, tinha apenas uma fita cassete e mal gravada. Era época dos discos que saiam e sumiam, não tinha onde baixar, viravam raridade e dá-lhe especulação.
Mico de Circo do Luiz Melodia.
O disco começa com "A Voz Morro" de Zé Keti arranjo da Orquestra Tabajara de Severino Araújo , Luiz que não queria ficar estereotipado como cantor de samba, exerce seu direito de gravar samba no melhor clima gafieira:
Eu sou o samba
A voz do Morro sou eu mesmo
Sim Senhor,
Quero mostrar ao mundo
Que tenho valor
Eu sou o rei dos Terreiros
Seguem músicas com arranjos e regências de Perinho Santana, João Donato, Armandinho, Marcio Montarroyos , Oberdan Magalhães (Banda Black Rio) time de bambas que deu bom caldo . Baladas, choros, samba-blues, não importa por onde anda o ritmo, a voz de Melodia esta lá, peculiar, soberana.
Gosto muito de Presente Cotidiano de versos:
Quem quer morrer de amor se engana
Momentos são momentos, drama
O corpo é natural da cama
Vou caminhar um pouco mais atrás da lua
Vou caminhar um pouco mais atrás da rua
O flagrante romântico e urbano de "Onde o Sol Bate e se Firma":
Estou em torno da cidade
Trajes elegantes sobre mim
Vejo vitrines, vejo boutiques
Só não vejo quem eu quis
Os transeuntes me agitam
Me perco sobre a multidão
Mas vejo através das lentes negras
Lindo, teu corpo lindo
Serás amor minha canção
O samba-funk cheio de malandragem de" O Morro Não Engana ", alias o disco é uma homenagem aos marginais do morro (Cara de Cavalo, Mineirinho, Mico Sul e outros) que de alguma forma estava próximos ao menino criado no morro do Estácio:
Subi o morro, subi cansado
Pobre de mim, pobre de nada
Morro do medo
Morro do sono
Morro do sonho
Morro do asfalto
Morro do clima lá em cima
O morro é de morar
Ah, depois de um tempo consegui o vinil por uma grana em um sebo, daí veio o cd e acabou com esse elitismo de "coisa rara".
Abaixo vou colocar trecho de uma entrevista que saiu no site www.gafieiras.com.br onde Melodia fala sobre o lançamento do disco:
Max Eluard - Fugiu mesmo?
Melodia - Saí batido. Fugi, em termos. Fui para um lugar onde eu estava bem acomodado com a Jane. Eu a conheci novinha, linda, maravilhosa, morenão, um cabelão. É ruim de não ficar lá! [risos] Foi quando escrevi todo o Mico de circo, um LP meu. Cheguei ao Rio e o concluí. Foi quando homenageei toda a bandidagem do Morro do São Carlos, de Mineirinho a Mico Sul, e acabou entrando Angela Maria, Jamelão. Eu queria somente homenagear a bandidagem, mas acabaram indo todos os bandidos. Foi toda a marginalidade. Inclusive, coloquei "Tributo a...", aí comecei a escrever "Fulano de tal", "Fulano de tal", Cara de Cavalo. Tinha umas senhoras que me viram miudinho no Morro do São Carlos, e aí também pus o nome, Dona Moca, Dona Eurídice. Sabe, saí botando o nome de várias senhoras que moravam no morro. E com esse Mico de circo, "fugi" e voltei à liberdade. Estava liberto quando me encontrei com a Banda Black Rio. Chamei o Oberdan [n.e. Flautista e saxofonista, o maestro Oberdan Magalhães comandou a Banda Black Rio em três discos, Maria Fumaça, Gafieiras universal e Saci Pererê. A banda se desfez logo após sua morte, em 1984]. "É o seguinte: o disco já está em cima, é isso que eu quero." Entramos no estúdio. Chamei o João Donato, que fez os arranjos também. Quem mais escreveu na época para mim? Perinho Santana.
Lá vai outra obra-prima, desta vez de Paulinho da Viola. Meu irmão mais velho (com quem aprendi a gostar do Paulinho e de chorinho), tinha esse maravilhoso LP:
inclusive acho que Geraldo Vandré deveria ser melhor avaliado por todos, ficou muito estigmatizado (nao é excludencia) pelo caminhando e cantado, mas sua obra vai bem além disso.
abraços
PS: eu gosto muito do Roberto Carlos da capa que ele esta sentado sozinho na praia, doce infancia.
Eu sei que não interessa, que vão virar a cara ou darem aquela risadinha irônica no canto da sala, com a mão cheirando a café, com intuito inconsciente de esconder a casquinha de feijão que ficou no dente...
Mas justiça é bom demais prá se esquecer e só prá colocar mais peso em certas balanças, saquemos nossa opinião - provavelmente um tanto ao largo do tema, mas que interessa e muito aos estudantes da boa música brasileira.
Muito da nossa arte musical, principalmente em termos rítmicos e mesmo melódicos, provém da música de terreiro, dos candomblés, umbandas , catimbós, etc. Pixinguinha, João da Bahiana, Caymmi, Vinícius e Baden Powell, Tom Jobim, Luiz Gonzaga e até mesmo Villa Lobos - dentre muitos outros - se inspiraram no imaginário de terreiro para comporem suas maravilhas.
Não faz muito tempo, Clara Nunes, João Bosco, Clementina e Martinho da Vila eram exemplos fortíssimos da presença do terreiro em nossa música e muita coisa inesquecível está aí até hoje.
É que nos dias atuais, a galera se regozija com cantoras enfiadas até a garganta nos tonéis da lama gospel, artificializadas, com suas mãozinhas que sobem e descem prá desviar a atenção das chatíssimas vozes clonadas desta arte norte americana de canto coral e se esquecem de grandes lendas que foram a trilha sonora de nossa história, mas que valerá apena contar em outra oportunidade.
Para quem não conhece as coisas boas da música macumbística e como ela é um tipo de música matriz e interessante, visite nosso acervo na página: http://acevoftu.blogspot.com
Depois falamos mais sobre isso, que agora estou com sono.