ítaca e áfrica
de ítaca roubei helenas tantas
em áfrica montei os sete mares
casei-me com mulheres todas santas
cobri meu corpo gasto de alamares.
as vidas são mais tantas e mais quantas
em muros e desejos sacripantas
castrados e vertidos pelos ares?
poetas são delírios bem vulgares.
romério rômulo
Adicionado por romério rômulo em 3 setembro 2013 às 13:50 — Sem comentários
o dedo de caravaggio, 1
eu vou morrer dos licores
avermelhados, chumaços
entalhados em pedaços
dos mares dos teus amores
no podre destes espaços
molhado pelo de cujo
encontrei o santo sujo
das tardes e dos mormaços
por onde extravio as dores
vou montar estardalhaços
com meus estritos pavores
no corte dos teus embaços.
romério rômulo
Adicionado por romério rômulo em 4 agosto 2013 às 8:08 — Sem comentários
não vou tratar de inimigos
não vou trazer rancor na minha pálpebra
não vou deixar a pressão fora do prumo
me ame quem quiser
meu olho é sujo
toda noite há um cão no meu espaço.
romério rômulo
Adicionado por romério rômulo em 14 julho 2013 às 12:18 — Sem comentários
se pensas que me adornas
no corpo dentro de mim
vou martelar as bigornas
nos pelos do teu jardim
o resto são carnes mornas
já vindas de onde eu vim
eu quero ver se me entornas
nos pelos do teu jardim
vou martelar as bigornas
no corpo dentro de mim
bigornas contra bigornas
mas vindas de onde eu vim.
romério rômulo
Adicionado por romério rômulo em 30 junho 2013 às 17:50 — 1 Comentário
1.
mais amaríeis meu cortado canto
se mais soubésseis como sois amada
e navegásseis pelo meu espanto.
2.
se me amásseis tamanho eu vos diria
da dura solidão dos precipícios
da falsa imensidão dos sodalícios
da cortada razão dos meus ofícios
se me amásseis por certo eu vos diria
e a minha voz em voz por todo canto
decerto iria quebrar-vos em espanto.
3.
senhora, eu vos amei por tanto, em tudo
que de camões busquei o…
Adicionado por romério rômulo em 9 junho 2013 às 10:39 — Sem comentários
ser carolina é fatal
(para chico buarque)
vou encontrar carolina
no branco do meio dia
no branco daquela pele
pétala de roseiral
num verso que me fogueia
ser carolina é fatal.
romério rômulo
Adicionado por romério rômulo em 3 junho 2013 às 0:39 — Sem comentários
1.
esganei régua e compasso
pra montar o meu esquema
abracei todos e abraço
meu sentido de dilema
se embaço ou não embaço
minha carne de morfema
pelo corpo de embaraço
eu nasci e ainda nasço
abrasado no poema:
o poema é meu espaço.
eu trago como problema
maradona no pedaço:
maradona é o teorema.
2.
maradona e lampião, à revelia
são o pecado perfeito da poesia.
romério rômulo
Adicionado por romério rômulo em 26 maio 2013 às 8:14 — Sem comentários
uns idiotas me pararam
e me disseram umas poucas e boas:
que eu não caminho direito
e nem bato continência como devo
que a minha contra-mão é perdida
e só eles dominam os arcos do mundo.
só eles sabem
e eu nem sou a revelação de um segredo.
contra eles eu só carrego a nudez do dia
e um desejo à esquerda da terra.
romério rômulo
Adicionado por romério rômulo em 5 maio 2013 às 8:00 — Sem comentários
as deusas brancas:
chumaços de algodão
pelas barrancas
as deusas negras:
extratos de carvão
das trancas
as deusas, luzes
fumaça, contração
de obuses.
romério rômulo
Adicionado por romério rômulo em 14 abril 2013 às 6:57 — Sem comentários
rivotril, o levedo permanente
versa tudo do couro menestrel
sua boca, retorta, puro dente
morde mais do que bala parabel
como carne travada, incandescente
numa terra montada a leite e fel
todo dia põe guizo na serpente.
rivotril é o diabo. foi pro céu.
romério rômulo
Adicionado por romério rômulo em 7 abril 2013 às 10:55 — Sem comentários
a musa que me escorraça
é pura agonia lenta
cozida em samba e cachaça
madeira, fogo e fumaça
por terras que não se inventa.
romério rômulo
Adicionado por romério rômulo em 17 março 2013 às 8:00 — Sem comentários
de tudo, meu bem, me lembro:
não chegaram, por ainda
os licores de dezembro.
do teu amor me padeço.
me faltam agora, viu?
na minha paixão infinda
os teus licores de abril.
de nada, meu bem, me esqueço.
romério rômulo
Adicionado por romério rômulo em 10 fevereiro 2013 às 18:15 — Sem comentários
1.
se eu me casar com clarice
-scliar que me responda-
terei de usar terneta?
terei de virar asceta?
o que faço? desde onde?
crio alma de poeta?
2.
depois das paixões mais loucas
depressões, esquisitices
scliar a vai pintar
e eu me caso com clarice
se surgir algum desvio
destes de último ato
pela costela de um rio!
me caso com seu retrato.
3.
quando a moça caminha pelos pastos
seus cabelos de…
Adicionado por romério rômulo em 28 janeiro 2013 às 6:50 — Sem comentários
(remontar a musa, 1)
remonto a musa pelo seu joelho
junto bedéis, verrumas, um artelho
um gato vil, cruel como abril
feitiço nu bordado no espelho
nonada. a musa é a dura madrugada
que te consome a carne numa espada
que te corrompe o corpo feito nada
que te arranca o olho na mirada
comidas as missões, puros espaços
montadas solidões dos meus abraços
rimadas as monções e os seus traços
soçobram os navios nos…
Adicionado por romério rômulo em 12 janeiro 2013 às 5:40 — Sem comentários
abri minhas pastas e livros
e só encontrei dezembros.
sempre o final dos tempos
que me persegue e me atrai.
vi as noites, os taludes, os cachorros e seus antros
todos a lamberem dezembros.
meu olho indevido e a minha carne suja
pisaram os dezembros do corpo.
somos o implícito do tempo, a pele seca das garças
o antemão de tudo.
vestido em viagem
pus meu olho a serviço das pragas
revelei todas as tentações
e despejei meus desejos…
Adicionado por romério rômulo em 29 dezembro 2012 às 6:21 — Sem comentários
seu rosto de framboesa
sua carne de marfim
uma carne eterna acesa
do lábio por onde eu vim
seu gesto de nau francesa
tudo princípio do fim
quero saber da torpeza
que bate dentro de mim.
romério rômulo
Adicionado por romério rômulo em 23 dezembro 2012 às 8:14 — Sem comentários
chamei os amigos à ordem do dia
e decidi revelar-lhes o estanho da cara:
quanto de mim é um anjo
e quanto assombração e pedra.
ficaram as vergonhas, todos os silêncios
e as vidas dos silêncios.
desmontei das sombras
e me afundei nas aguadas.
os cavalos, sobrados em pelo,
caminharam sobre a terra do cão.
romério rômulo
Adicionado por romério rômulo em 21 novembro 2012 às 14:00 — Sem comentários
sobre mim há um olhar de só paixão
e um olhar bem maior que me odeia
manuelzão traz cavalos numa peia
com as éguas, estrelas do desvão
sua mão me defende e me rodeia
fui benzido nas águas do sertão.
romério rômulo
Adicionado por romério rômulo em 22 setembro 2012 às 14:16 — Sem comentários
joão cabral quebrou a porta
cortou um pé de jurema
maradona driblou reto
e descreveu o poema
cabral respondeu: de certo
maradona é um teorema
e o teorema mais perto
teceram pelas manhãs
com o gado na invernada
usaram só um dobrado
dos seus benditos punhais
cabral com a rima seca
mais seca pelos sobrados
maradonas infernais
maradona foi refeito
na linha de pernambuco
topou com o rio ganges
onde comprou…
Adicionado por romério rômulo em 1 agosto 2012 às 6:32 — Sem comentários
fragmento por joão cabral
o amor comeu minha mentira, meu riso, minha dor.
o amor comeu o meu escasso e o meu amplo
o meu terno e a minha companhia.
os meus dedos se perderam nas suas procissões
nas suas leituras e cadências.
quando o amor chegava eu via o desespero da morte.
romério rômulo
Adicionado por romério rômulo em 12 julho 2012 às 7:58 — Sem comentários
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