Não é todo dia que a Justiça é capaz de fazer cumprir a lei quando um cidadão de relativa força econômica e importantes conexões políticas senta-se no banco dos réus. Ao contrário do que já ocorreu em outros casos que envolvem conflitos de terra em pontos distantes do país, Galvão não é um mandante qualquer.
É acusado de utilizar laranjas que são proprietários nominais de oito fazendas
avaliadas em R$ 4,5 milhões cada uma — todas obtidas pelo método de grilagem de terras publicas, beneficiadas pelo desvio de verbas da Superintendencia da Amazonia (SUDAM).
O ambiente de violência e impunidade neste ponto do país é tamanho que colocou em risco a isenção do próprio julgamento. Uma testemunha-chave da acusação, capaz de desmontar o principal álibi de Galvão, que sempre sustentou que não possuia “um centímetro de terra”, alegando com isso que não poderia ser acusado de determinar o assassinto da religiosa por falta de interesse material, ficou com receio de prestar depoimento. Essa decisão privou o juri de informações importantes sobre o caso.
Mesmo assim, Galvão foi condenado. Ele pode apresentar recurso, é claro, mas a sentença de sexta-feira representa uma decisão importante num país onde a impunidade segue a regra nos crimes que envolvem a questão da terra.
Como diz irmã Jane, religiosa que sempre esteve ao lado de Dorothy na mobilização da população pobre do interior do Pará, a sentença está longe de assegurar a vigência do Estado de Direito no país. Mas representa um passo nesta direção.
Ativista social que transformou a defesa dos mais humildes num combate político, onde investigava irregularidades e denunciava privilégios de quem tem acesso aos cofres do Estado, a tragédia de Dorothy também fez história.
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