
Me incomodou ver atletas que estavam representando o país através do nosso esporte mais popular reunidos no centro do gramado, todos ajoelhados com os olhos voltados para o céu, num agradecimento ao Deus comum a todos eles pela conquista da copa das confederações.
Silenciosamente ou não tão silenciosamente assim, mas de forma pouco contestada, os chamados "evangélicos" avançam agressivamente pela sociedade e hoje, para minha tristeza invadiram até a comemoração da vitória de um jogo de futebol.
E ai de quem reclame ou conteste. Será imediatamente condenado a experimentar a ira divina.
Não vi nenhum comentarista de TV, antes ou depois, falar algo sobre o assunto. Todos viram, tiveram suas opiniões formadas, mas se abstiveram de comentar. Não é possível que todos achem normal essa atidude. Mesmo entre os que possuem alguma inclinação religiosa.
O campo de futebol não é o lugar adequado. Da mesma maneira que não será adequado eu ir para dentro da igreja com uma bola de futebol embaixo do braço. Mesmo que no outro braço esteja uma bíblia.
A idéia que passa é de que os evangélicos, por serem evangélicos são preferidos por Deus e dessa maneira conquistam mais coisas, são vitoriosos, ficam mais ricos, enfim, são os verdadeiros abençoados. E Deus sabendo disso, como é um ser vingativo e não tolera traições resolveu punir os americanos (final da copa da confederações) que apesar de evangélicos também não são tão evangélicos quanto os brasileiros.
Essa intolerância evangélica que cresce silenciosamente não está somente nos grandes eventos ou invadindo os programas televisivos ou a indústria de CD´s e DVD´s, ela está cada vez mais presente entre nós. São amigos convertidos que procuram também nos catequisar ou até mesmo no ambiente de trabalho.
Trabalho em regime de confinamento e durante os quatorze dias que fico trabalhando, em minha unidade, os evangélicos fazem seis cultos. Três por semana com direito a distribuição de panfletos nos momentos que antecedem os cultos. Não fazem mais porque o espaço também foi solicitado pelos católicos que a cada dia que passa se assemelham mais aos evangélicos.
A FIFA que tanto se preocupa com o futebol como um meio de se levar uma mensagem de paz ao mundo deveria estar atenta a estas manifestações pois sabemos muito bem que este fundamentalismo que está se instalando entre os atletas brasileiros é um caminho curto para manifestações de intolerância e segregação. Isso até mesmo dentro do próprio grupo. O que acontecerá se determinado jogador virar para o restante do grupo e falar:
" Não vou participar desta manifestação de agradecimento a Deus pois não acredito em Deus".? Ou simplesmente disser que é um exagero toda essa teatralização da fé?
Espero que a até a copa alguém do meio esportivo ou mesmo midiático tenha coragem de tocar no assunto.
Você precisa ser um membro de Portal Luis Nassif para adicionar comentários!
Entrar em Portal Luis Nassif